Ouvi num dos famosos brainstorms que ocorrem volta-e-meia pela noite fora, no celeiro, que seria preciso incrementar as audiências desta página (acho que foi o Bode Respiratório). Bom, eu sublinho que não concordo. A partir do momento em que somos escravos das audiências pomos em perigo o puro prazer de manter uma página deste tipo.
Nessa altura surgiram ideias muito concretas sobre a forma como se atrairiam as atenções. Aliás, há fórmulas simples aplicadas ao cinema, à publicidade, quanto a quase todo o tipo de produtos, na televisão, imprensa, e nem vale a pena continuar a enumeração. O apelo à sensualidade (para não ir mais longe) é, pois, uma dessas fórmulas simples.
Foi aí que me lembrei de vir expôr uma ideia antiga sobre a forma como encaro a sensualidade. Comecei por fazer uma breve pesquisa na www (lamentavelmente o tempo não permite que se vá para além do breve...) e devo dizer que o resultado foi ter apanhado uma indisposição valente. Passo a explicar.
Tirando muito poucas excepções, das quais escolhi o exemplo de cima - já que não obtive autorização da Vaca Louca para expôr os seus lindos cascos - ao procurar imagens que ilustrassem o que quero dizer o resultado foi, como disse, um enjôo tremendo. Por várias razões. Mas... comecemos então pelo princípio: que quero eu dizer?
Vivo sob a impressão de que a verdadeira sensualidade feminina (a outra interessa-me muito pouco, peço perdão) se encontra precisamente nessa parte do corpo que nos separa do chão desde há muito tempo. Refiro-me, neste caso, unicamente ao que é físico, e é claro que o impulso do eros tem dimensões psicológicas, mas dessas não vou cuidar aqui. Os pés são, assim, uma parte do corpo tão ambígua quanto isto: são de molde a causar repulsa em casos extremos, num grau que não atinge paralelo noutras partes do corpo, mas, a par disso, quando são bonitos - casos raríssimos - têm o condão de provocar uma invasão erótica perante a qual é difícil alhearmo-nos. Corrijo: alhear-me.
Isto, apesar de não ser possível para mim, ao abordar este tema, deixar de ter em conta que este fetiche vai ganhando adeptos por esse mundo fora, com os consequentes desvios, taras, perspectivas mais ou menos doentias, ou aquilo a que chamo pura ordinarice. Mas isso já não me diz respeito.
plantado por Badalo @ 12:59 |