| Tenho vindo a adiar vir aqui falar sobre esta coisa. Não vale a pena chover no molhado nem atirar "bolas pó pinhal" sem se fazer a mínima ideia do que se está a falar. Bom. No entanto cá vai.
Pelos vistos é mesmo verdade, quando cai a bomba no nosso quintal o caso muda de figura, e com o incidente criminoso de 11 de Março, tão aqui ao lado, naturalmente que nós, os do lado atlântico, receamos pela nossa integridade. Mas vejamos: no Título 22.º do US Code, Secção 2656f(d) da Intelligence Community, terrorismo significa «premeditated, politically motivated violence perpetrated against noncombatant targets by subnational groups or clandestine agents, usually intended to influence an audience». E longe vão os tempos das Brigate Rosse, que tinham um método cirúrgico e evitavam vítimas "inocentes".
Naturalmente o objectivo é provocar o medo, através das vítimas, e com isso obter uma coacção em função dos objectivos destes criminosos. Mas há aqui duas questões. Por um lado temos a classe dirigente, aqueles que governam os nossos destinos, e que, por isso, têm o poder de satisfazer as pretensões dos terroristas. Por outro lado, todos nós, que formamos a opinião pública. Se partirmos do postulado de que os agentes do terrorismo não são estúpidos, o banho de sangue a inocentes visa apenas pressionar os dirigentes que perante o público têm responsabilidades. Creio que, na verdade, todos os actos de terrorismo serão tão mais eficazes quanto a opinião pública se opuser às directivas da classe política.
Assim, dentro das cogitações que naturalmente se têm formado dentro de nós a propósito deste alto risco que sentimos - potenciado pela peregrinação a Fátima, pelo Festival Rock in Rio e pelo Euro 2004 - talvez consigamos encontrar algum sossego se considerarmos que os terroristas estão a par do que se passa no nosso país. Para haver qualquer atentado neste nosso rectângulo, seria lógico que se partisse do princípio de que a nossa classe dirigente quer saber de nós para alguma coisa. E nos tempos que correm, parece-me bem que não. Se este argumento contiver alguma validade, não deixa de ser irónico encontrarmos protecção na indiferença com que o Estado olha para o nosso povo.
De qualquer forma, ainda que este argumento seja apenas um exercício (de estilo, ou mental), tenho a dizer que me recuso a ter medo. É claro que ainda vou ver como é que esta técnica vai funcionar.
plantado por Badalo @ 13:03 |
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