A Vaca Louca e Seu Badalo
A Louca Vida no Campo
     julho 10, 2004

Estar-se Alma a Tragar Liberdade 

 

       Durante umas das nossas célebres e mais recentes sessões de brainstorming tidas no celeiro houve alguém que teve a brilhante ideia de gravarmos numa placa um lembrete que nos ajudasse a afastar maus pensamentos quando o trabalho rural parece excessivo, e que tal placa fosse colocada em local visível da quinta, perto do portão de saída (que, curiosamente, é rigorosamente o mesmo que o portão de entrada) e de frente para o exterior. Deste modo, quem de nós queira doravante fazer a trouxa e dar às de Vila Diogo, ao dedicar um último olhar sobre o que irá deixar para trás, verá a placa com o lembrete.
       A ideia foi apurada e depurada até que encontrámos um poeta português, de lirismo sublime, outrora deputado, até, que nos emprestou o discurso de despedida àquele que soçobrar perante o sonho da cidade, àquele que ruma à sofisticação urbana, para nós um mero e anónimo desertor (combinámos).
       Não vale mesmo nada a pena pormo-nos a especular sobre o tamanho que a placa teria de ter para comportar os versos que infra transcrevemos, pois nesta quinta já se sabe, acontece toda a casta de fenómenos dos mais raros que há e portanto não vale a pena estarmos a complicar.


«Estes Sítios!»

Olha bem estes sítios queridos,
Vê-os bem neste olhar derradeiro...
Ai! o negro dos montes erguidos,
Ai! o verde do triste pinheiro!
Que saudades que deles teremos...
Que saudade; ai, amor, que saudade!
Pois não sentes, neste ar que bebemos,
No acre cheiro da agreste ramagem,
Estar-se alma a tragar liberdade
E a crescer de inocência e vigor!
Oh! aqui, aqui só se engrinalda
Da pureza da rosa selvagem,
E contente aqui só vive Amor.
O ar queimado das salas lhe escalda
De suas asas o níveo candor,
E na frente arrugada lhe cresta
A inocência infantil do pudor.
E oh! deixar tais delícias como esta!
E trocar este céu de ventura
Pelo inferno da escrava cidade!
Vender alma e razão à impostura,
Ir saudar a mentira em sua corte,
Ajoelhar em seu trono à vaidade,
Ter de rir nas angústias da morte,
Chamar vida ao terror da verdade...
Ai! não, não... nossa vida acabou,
Nossa vida aqui toda ficou.
Diz-lhe adeus neste olhar derradeiro,
Diz à sombra dos montes erguidos,
Di-lo ao verde do triste pinheiro,
Di-lo a todos os sítios queridos
Desta rude, feroz soledade,
Paraíso onde livres vivemos...
Oh! saudades que dele teremos,
Que saudade! ai, amor, que saudade!

(Almeida Garrett)


plantado por Badalo @ 19:57 |

   
     


 

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