Sem dúvida que não posso deixar de louvar o carinho com que pacientemente o nosso público sente a falta dos cronistas deste periódico. É claro que também nós temos um compromisso para com os fiéis leitores. Acontece que depois da Assembleia Magna assolou-nos um surto de febre tifóide e fomos forçados a passar uns dias no abrigo nuclear, na subcave da pocilga, até que as coisas amainassem. Decerto será compreensível.
Desta forma, e enquanto ainda se reorganizam os postos de trabalho e a vida volta ao normal nesta Redacção, aqui ficam algumas considerações esparsas:
1. - Estou em fase de investigação de uma novíssima tese que visa demonstrar inexoravelmente que
uma certa facção de ditos populares não passam de boatos e são totalmente desprovidos de fundamento, quem sabe se objectos de desinformação introduzidos na nossa sociedade pelos tais
alienígenas que preparam a invasão final ao nosso planeta após aspergirem na atmosfera a tal substância secreta que nos tolda as ideias, nos torna indolentes e com propensão para o
venha-a-mim. Exemplos? "Quem está mal, muda-se". Ora isto é absurdo. E felizmente o nosso ordenamento jurídico não responde da mesma forma. Imaginemo-nos como proprietários e residentes do
Vaux Le Viconte e de repente um acampamento de ciganos muda-se para o nosso jardim da frente. É de supor que quem fique mal não seja o acampamento, mas... deveremos ser nós a mudar-nos? Outro grande disparate que corre de boca em boca, escudado pela sua autoria anónimo-popular é a máxima: "Quem diz a verdade não merece castigo". Ora isto está mal. Felizmente o nosso código penal (como a maioria dos demais) considera justamente a acção de dizer a verdade (corporizada naturalmente na
confissão da prática de acto ilícito criminal) como merecedora de uma atenuação especial mas nunca como perdão ou isenção de castigo. Era o que faltava!
2. - Ainda a propósito de uma informação veículada no post anterior, e respondendo a uma massa considerável de correspondência pedindo esclarecimentos sobre o grupo de jovens graffiters com os quais iremos firmar protocolos de actuação, devemos esclarecer que, nas palavras do seu cabecilha - que pediu anonimato antes de concluídas as negociações: «As pessoas vão aderir ao que fazemos. Queremos provar que não somos apenas uns vândalos de spray em punho. Somos artistas e com uma preocupação urbanística profunda e não será desprezada a nossa feição de cariz social, já que normalmente só fazemos o nosso trabalho em edifícios a precisar de restauro e dessa forma compelimos os condomínios/proprietários a tapar as nossas mensagens com pinturas novinhas em folha. Somos bestiais.»
E é assim que se vai vivendo no campo.
plantado por Badalo @ 15:48 |