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Antigamente - e quero mesmo dizer antigamente - as relações sociais eram um tanto básicas, orientadas pelos princípios selvagens da sobrevivência e da continuidade da espécie. É claro que hoje em dia também, mas noutros moldes. Enfim. Seria normal um homo sapiens, querendo vexar um seu companheiro de tribo ou um nómada mais calinas que com ele viajasse, se lhe dirigisse: "Seu... seu... Neanderthal!" Existem registos que confirmam que a expressão "Vexa é um grandessíssimo troglodita!" era também mais ou menos corrente. Com o passar do tempo, sobretudo com a entrada na Idade Moderna, vários melhoramentos foram introduzidos no mester de insultar. "Apre! Vossa Mercê é uma autêntica cavalgadura!". "Lerdo" e "imbecil" conseguiram gozar de impacto apreciável para o desejado efeito já no século passado, época em que podemos também encontrar pérolas como a do nosso Vasco "Chapéus há muitos, seu palerma!"
Hoje em dia, em pleno séc. XXI, esta ainda misteriosa actividade do insulto desbrava caminhos através de duas vias fundamentais: a tecnológica e a élfica(*) . É desta forma que assistimos a exclamações como "troll!" e "tecla 3", sendo que esta última representa um dos mais poderosos insultos de que tomámos conhecimento, por conseguir cumular o sentido do inglês surdo(a) com a conhecida abreviatura para deficiente (**).
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(*) - Em latu sensu, naturalmente, por não se referir ao que é próprio dos elfos em particular, mas às criaturas do imaginário em geral.
(**) - Para quem não tenha entendido totalmente este exemplo, sugere-se o visionamento de um qualquer teclado telefónico-celular. Tecla 3, pois.
plantado por Badalo @ 13:40 |
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