Sal q. b.
II. Modo de Preparação:
Esta receita é estupenda para ocasiões sociais de relevo e decerto irá fazer furor entre os seus amigos, ou não. Aliás, o melhor é esquecer tudo isto - por ser totalmente desprovido de conteúdo ou sentido - e mudarmos de assunto. Bola, por exemplo. Há que tempos que ando para explicar as razões aparentes e/ou subtis que estão por detrás da fenomenologia global do impacto que o desporto-rei, o football, tem efectivamente nos tempos modernos.
Quanto a mim, e tentando não ser demasiado ecléctico, creio que o mérito maior do futebol é o de permitir e/ou promover a sua fruição multi-nivelada. Ou seja, e trocando em miúdos, satisfaz vários gostos e níveis de fruição. Desde os mais bárbaros e básicos que passam por fumar uns charros e beber uns copos antes de se meterem num estádio com a trupe inteira e invadir o recinto oficial de jogo e quase vazar o próprio olho com um pau de bandeira quando a equipa adversária marca um golo, aos que aferem os azimutes todos da bola relativamente ao esquema táctico de uma e outra equipas, encaixando-se estas variáveis a quatro dimensões (altura, largura, comprimento e tempo), ou se dedicam a apreciar a forte juridicidade contida no jogo. Se por um lado o desafio pode ser observado como uma batalha entre duas tribos, também o poderá ser sob o ponto de vista da aplicação do direito, do factor atlético, ou da simples arte de dominar uma esfera em movimento.
Quanto à referida juridicidade do jogo - espelhada nas regras aplicáveis - confesso que me perco em considerações sobre o que é que pode e deve ser considerado falta (quando um jogador é derrubado ou cai por acção de um adversário). Mas há outras subtilezas engraçadas de se observar. Nas transmissões televisivas dos desafios é habitual os telespectadores serem brindados com informações estatísticas fornecidas pela produção (tempo de posse de bola em percentagem, número de cantos, de pontapés livres, etc.) cujos critérios me parecem, para dizer o mínimo, duvidosos. É costume vermos no ecrã: «faltas cometidas: equipa a - x faltas; equipa b - y faltas». Mas... faltas cometidas?? Não! A estatística só poderia publicitar as faltas assinaladas pelo juiz da partida - o árbitro - o que não coincide necessariamente com as que realmente foram perpetradas. Um bom exemplo disso é a falta sofrida pelo nosso Cristiano Ronaldo ainda nos minutos iniciais do jogo da Selecção de ontem à noite, de que nos lembraremos facilmente por ter ocorrido dentro da área dos russos e deveria ter dado origem a uma penalty. Vimos que foi cometida, mas não foi assinalada. Pois.