A) - Considerações Esparsas
Ainda há dias apanhei a Vaca Louca com um sorrisinho por ter acabado de ouvir alguém, na televisão, a pronunciar a expressão «pais-natais». E eu, marreta, inquiri: «o que é que tem?» Supostamente a expressão correcta será «Pais-Natal», pois que nos referimos a uma pluralidade de pais mas tão-só a um Natal. E vai daí eu respondo que «
talvez não». E está lançada a confusão. Pão e água por cinco dias. É assim.
Nesta quadra festiva é costume oferecerem-se prendas. Ou presentes (Já nem sei como é que se diz em castiço). Os mais típicos, numa sociedade que se vai já libertando do monstruoso consumismo, são o oiro, o incenso e a mirra. E as carpintarias conhecem um período de superavit. Confesso que o que gosto mais no Natal são os dias de férias.
Todos sabemos que é extraordinariamente difícil arranjar um táxi na noite de Véspera de Natal e resmungamos baixinho quanto a esse facto mas não nos lembramos das viúvas côxas a quem certos motoristas têm de pagar pensão de alimentos sob pena de lhes ser dificultado o acesso às visitas aos filhos menores. Ah, pois. E essa é que é essa.
O estômago desempenha um papel especial nas reuniões natalícias. Bom, seja feita justiça: ao lado do estômago terão de figurar as papilas gustativas, os quilogramas, as calorias, os triglicéridos, o colestrol. Mesa farta é o que se pretende, sobretudo em níveis calóricos. Ah, e a propósito: andei a investigar e não se diz «filhóses». Por mais estranho que pareça, é uma filhó e duas filhós. Não há cá filhóses p'a ninguém. E por falar em comer, não poderia deixar-se de parte uma receita típica da quadra, perfeita para servir na Consoada, à melhor tradição portuguesa:
B) - Receituário - Edição Especial de Natal: o Bacalhau
I. Ingredientes:
1 caldo de galinha
1 raminho de hortelã
4 costeletas de porco
3 1/2 colheres de sopa de banha de porco
1 folha de loiro
II. Modo de Preparação:
Derreter a banha numa frigideira fabricada na Sertã em lume vivo e deixar enegrecer a folha de loiro com o caldo de galinha. Fritar as costeletas cerca de 30 minutos sem virar, e, após, virar. Mais trinta minutos de fritura do outro lado e estarão prontas a servir, com o raminho de hortelã a decorar. Diga às pessoas que é bacalhau selvagem.
plantado por Badalo @ 18:59 |