Basin City
| Bom, deixa cá aproveitar que é fim-de-semana (e isto fica às moscas, por assim dizer) para contar o que aconteceu ontem à tarde: Estávamos nós a tratar da nossa vidinha quando uma grande nuvem de pó começou a ser visível na linha do horizonte. À medida que se aproximava foi possível ir percebendo que se tratava de uma grande caravana de automóveis e de camiões pesados, que, para nosso espanto, se imobilizaram à frente do portão este da Quinta e donde saíram cerca de duas dezenas de indivíduos que, sem pestanejar, se dedicaram a montar um gigantesco ecrã. «Não é o maior ecrã do mundo, mas tem o sistema de som mais potente», disse um deles, sorrindo. Perguntei à Vaca Louca se sabia o que era aquilo tudo e a Pombura lá me esclareceu que tinha telefonado para um programa de rádio e tinha ganho um prémio para todos. Teríamos matinée! Foi desta forma que tivémos oportunidade de assistir à exibição de um filme muito curioso e que despertou as mais diversas reacções entre os animais da Quinta, coisa que me agradou observar e registar. Através de um elenco interessante assistimos à representação de histórias entrecruzadas passadas em Basin City, tão obscuras e cruamente violentas quanto o são a sua versão original em formato BD, conduzidos pela batuta de Frank Miller, o desenhista criador, e Robert Rodriguez, contando ainda com a participação do Quentin Tarantino, que ainda há dias tinha vindo à Quinta tomar chá. Acabada a sessão, havia esgares de terror, sorrisos, e alguns olhos esbugalhados. A Vaca Louca achou que o aspecto visual estava realmente muito bem conseguido mas para além disso não se sentiu impressionada. Os porcos não se calavam, grunhindo consecutivamente o nome de Jessica Alba (aliás, de cada vez que esta aparecia em cena, o estardalhaço porcino era evidente); as galinhas revelaram que estavam chocadas com a tónica de vozes guturais que domina todo o desenrolar da acção, as ovelhas acharam que «há violência gratuita em demasia»; a Jacarina Crocodilova ficou um tanto baralhada com o sangue que salpica em diversas cenas, pois que dumas vezes era branco, outras amarelo, e só de vez em quando vermelho. O Jeco achou estar muito próximo do original, e, tendo em atenção a diferença óbvia entre as linguagens da Banda Desenhada e do Cinema, louvou o esforço dos autores em preservar ao máximo a obra no seu estado puro. Pessoalmente, achei a personagem Miho fascinante e considero que deveria conseguir a sua própria série TV.
plantado por Badalo @ 12:01 |
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Na Lista Negra
| Jeco, o nosso burrico contabilista - o tal que desaparecera sem deixar rasto e que motivou um pedido de socorro com oferecimento de alvíssaras - voltou connosco para a Quinta, já que afinal fora a primeira vítima daqueles malditos coisos do outro mundo que nos levaram, a mim e à Pombura, este tempo todo, e foi agora devolvido à liberdade através da arrojada acção de fuga empreendida. Pelas sevícias que sofremos, na primeira ocasião em que cá na Quinta com ele me cruzei nem dei atenção ao seu semblante comprometido e cabisbaixo, como se quisesse evitar o encontro dos nossos olhares. Mas à terceira vez achei exagerado e interpelei-o. "Que se passa, e tal?" e coisas assim. Gaguejou tanto, tremelicou de tal forma, que me subiu a mostarda às vias nasais e apertei com ele. Desbroncou-se todo ao fim de um pedaço. Então não é que o seu ar de comprometido se devia ao facto de ter tido conhecimento, por vias não apuradas, do teor de um determinado comunicado da Redacção desta Quinta Electrónica que estará para ser formalmente emitido e que me será notificado a breve trecho? E será de aceitar que tal memorando contém um relatório exaustivo sobre a estatística retirada dos vários contadores de visitas que registam os acessos a esta página, com uma espantosa conclusão, a saber: que durante as dez semanas em que os cronistas estiveram ausentes e impossibilitados de publicar, a média de visitas diárias nunca baixou dos setenta e que, mal se retomou a normal actividade editorial, essa média conheceu uma queda dramática para valores próximos dos cerca de sessenta e tais, certinhos? E que, por uma questão de lógica, a Redacção viu-se na contingência de ter de encomendar um orçamento a um grupo de moldavos da desconstrução civil no sentido de apurar se será contabilisticamente suportável contratá-los para nos darem um sumiço durante mais umas semanas, com o objectivo de retomar a alta de visitas?? Acho que vou ali convocar uma reunião com o que sobrou das galikazes...
plantado por Badalo @ 20:45 |
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As Grandes Questões do Séc. XXI
| Agora que uma das minhas principais demandas chegou ao fim - com o encerrar do dossier xis, respeitante aos nossos visitantes do outro mundo - torna-se urgente encontrar uma outra que em nada lhe desmereça em dignidade científica e aplicabilidade prática. Foi nessa medida que me deixei inspirar pela ideia de publicar uma série de estudos submetidos à temática: Questiúnculas Teorético-Pragmatísticas de Relevo nas Sociedades Ocidentais Ou Até Meramente Ocidentalizadas. Naturalmente que todo este processo se inicia pela fase instrumental de recolha de dados atinente à construção mental de uma ideia essencial sobre qual seja exactamente o objecto de estudo. E confesso que neste momento, no meu precioso livro de notas, só se encontra um breve prefácio, a saber: «Mais valia estar na praia.» (Querida! Viste os meus comprimidos?)
plantado por Badalo @ 12:35 |
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Fi-Nal-Men-Te!!!
| Finalmente conseguimos voltar à nossa vida. Contado ninguém acredita, mas mesmo assim resolvemos dizer o que aconteceu nestes dois meses e picos. Podemos adiantar que sempre tivémos razão. Razão essa que vem de um profundo e sistemático estudo, muita intuição e um enorme conhecimento do sobrenatural. E de seres maléficos. Esses que nos capturaram sem apelo nem agravo - os cobardes! - e nos infligiram a mais indizível casta de sevícias, que o pudor nos impede de relatar. No entanto em nada cedemos. Ambos aguentámos, firmes e hirtos (como uma barra de ferro), todas as torturas que sofremos durante estas dez semanas, e nada desvendámos sobre a nossa Terra àqueles maléficos bichóides extraterrenos.  Sim, foram torturas assaz e verdadeiramente horripilantes, tanto que tivémos de andar a tirar chips à dentada nas dobradiças dos joelhos, coisa dificultosa, devido à compleição de cada um de nós. Mas heroicamente, sobrevivemos e voltámos para contar a nossa façanha. E, aliás, podemos voltar a contar tudo aquilo que queremos contar, como nos bons velhos tempos! Só que agora já não os tememos. Já nos apanharam. Já lhes escapámos. Agora sabemos quem são. "We come in peace", começaram por dizer. E agora dizemos nós: "Hasta la vista, baby!" (kick)
plantado por Badalo @ 20:00 |
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