Agora que tendes sido aventureiros a ponto de abrir esta página mais vale ficardes a olhar para o que aqui vem escrito de modo a absorver a primeira parte deste estudo realizado pela nossa bateria de consultores. Aliás, e certamente tereis reparado com alacridade, este artigo representa o fabuloso regresso de uma rúbrica que conheceu já os seus dias de glória, como poderá ser constatado
aqui e
aqui.
É, portanto, por nos sentirmos imbuídos de um profundo sentido cívico e dedicarmos parte das nossas existências às Humanidades, que temos o prazer de apresentar a FARPAC. Ei-la! É a Fórmula para Apuramento de Responsabilidades Pessoais na Actual Crise (ou, na gíria: coeficiente de Fracasso).
Cumpre-nos fazer o enquadramento do nosso estudo. Há umas semanas atrás ouvimos com atenção umas partes de um discurso de candidatura às eleições presidenciais, as quais ocorrerão no ano que se avizinha. O respectivo candidato presidencial teceu doutas considerações sobre o estado da Nação com a verve que lhe é característica, com a profundidade de um visionário social e com a severidade que o actual estado das coisas reclama. Foi bravo!
Quase ensanduíchado - se me é permitida a expressão - entre dois cortes de energia o candidato fez-nos sentir o auge, o climax, o verdadeiro cerne, a essência profunda, enfim, não sei se me fiz entender, a fulgência máxima de um discurso que pretende tomar as rédeas de um povo que outrora domou o mar. E renegai qualquer sombra de dúvida: «Todos somos responsáveis, em maior ou menor grau, pela crise em que vivemos...» (negritos nossos), observou.
Bom, confesso que fiquei muito interessado em tudo aquilo. E desde lá até cá orquestrei a supra referida bateria de consultores. Até chegarmos à FARPAC. A FARPAC é uma fórmula que nos permite aferir com rigor científico (e até com algum laivo númenico) qual o nosso, de cada um de nós, per se, exacto grau de participação no actual estado da nação. Aliás, na actual crise. O que se torna num instrumento fundamental da nossa vivência cívica. Pela parte que me toca não descansei enquanto não arranjei forma de determinar com exactidão se afinal de contas a crise é culpa minha. Ainda que em menor grau.
Quanto à fórmula propriamente dita vou deixar o desenvolvimento e explicação das suas variáveis e factores para uma próxima altura, que se espera que ocorra em breve, para que todos possam experimentá-la. Apenas um lamiré: contemplam-se a fuga aos impostos, as horas de trabalho escravizado, os calotes e as bofetadas nos miúdos.
plantado por Badalo @ 13:02 |